quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A MULHER NA CAPOEIRA...


Em todas as pesquisas feitas em torno da mulher na capoeira chegamos a mesma conclusão e ouvimos sempre as mesmas historias...de que a mulher foi um tanto discriminada, foi mal vista, mal tratada. Ou tratada com indiferença.

Já por ser uma luta que veio da escravidão dos negros, já é algo que traz a ideia do preconceito incutido em sua bagagem, Mulher fazendo capoeira então nem se fala.
Mas o Brasil, um pais de miscigenações e culturas diferenciadas, onde nasceu a capoeira, abre espaço lentamente para a entrada da mulher nos esportes antes tidos como masculinos.
O futebol hoje por exemplo conta com a presença constante de mulheres. E assim acreditamos que vá acontecer também com a capoeira.
Encontrasse documentos sobre os Mestres mais antigos, pois basta comentar de um deles... E todo mundo já ouviu falar. Mas onde estão os documentos que falam de Maria Homem, Calça Rala... Ou Satanás?
E o que se dá por entender que os apelidos dessas mulheres? Que para jogar capoeira ela necessitava se masculinizar... Para poder ser aceita na roda de malandros. O que gerava também mais um preconceito em cima do que já custava ser uma capoeira... Agora somente bastava ser mulher!
Na historia da capoeira contasse que Bimba foi um dos grandes Mestres que com sua capoeira trouxe mulheres para dentro da convivência masculina das rodas... E entre elas a famosa “Maria 12 Homens, Calça Rala, Satanás, Nega Didi e Maria Para o Bonde”. Bons de briga!

Personagens lendários como Rosa Palmeirão, a capoeirista que serviu de inspiração para a personagem de Jorge Amado no romance Mar Morto. Além dela, que era respeitada e temida, outra mulher arretada sacudiu o mercado, chamava-se Maria 12 Homens, também capoeirista e assídua frequentadora das rodas do Cais Dourado e da rampa do Mercado Modelo. O sobrenome de Maria, a história de memória curta de Salvador não registrou, mas o apelido, diz a lenda que ela conseguiu depois de levar 12 marmanjos a nocaute. 
Hoje temos muitas mulheres famosas na Capoeira o que vem a fortalecer essa modalidade esportiva. Colocando em conto beneficio de aumentar a disciplina no cotidiano, modelar o corpo, obter mais agilidade e auxiliar no tratamento psicológico feminino, como um resgate de seu lado brincalhão que atualmente esta recôndito, agregado com a necessidade de impor seu lugar na sociedade machista.

Respeitadas por muitos Mestres sejam eles Argoleiros ou seguidores da capoeira Regional, as mulheres são dedicadas a capoeira em si, preferindo esse ou “aquele” estilo de jogo. Sendo ele capoeira é o que vale, elas querem é entrar na roda e jogar.
Enfim a mulher veio colocar sua graça e delicadeza em um universo que antes somente pertencia aos homens como muitos outros a aonde elas vem se estabilizando e mostrando a que vieram, não para tomar conta, ou dominar, mas com a ideia de acrescentar, somar e deixar com certeza esses “mundos” mais belos!!!!
Nas rodas de capoeira onde entram mulheres os rapazes sempre agradecem a presença delas por deixarem a roda mais bonita. E são elas cantadas em musicas pelo mundo inteiro, onde se contam às lendas que as mulheres eram disputadas em uma luta pelos jogadores. As canções trazem a mulher sempre com a saudade, a bela que abandonou a capoeira, ou a mulher que acompanha o jogador em sua vida. E assim até hoje, pois afinal quem lava as abadas? Mas essas Marias, cantadas em versos de Bimba ou Pastinha, são as Marias de hoje, guerreiras, lutadoras incansáveis que provavelmente depois da roda vão embalar seus filhos, fazer a comida, lavar as abadas, cantar uma cantiga de capoeira para por o pequenino para dormir.

Sejam elas brancas, negras, ou amarelas estão aqui e vieram para ficar, como consequência aumentar a batalha para retirar da capoeira a imagem de marginalização que ficou do tempo dos escravos, ajudar a criarem um mundo diferente para seus filhos e filhas que queiram iniciar na capoeira, aprendendo a respeitar o próximo como igual.
Hoje em dia, é quase impossível assistir a uma roda de capoeira, em qualquer canto do mundo, onde não haja a presença feminina. As mulheres, com todo o direito, estão conquistando cada dia, mais e mais espaço nesse universo que durante muito tempo foi predominantemente um espaço masculino.

A importância da mulher na capoeira vai muito além da graça e beleza que elas proporcionam a essa manifestação. A mulher sendo respeitada e valorizada numa roda de capoeira garante que esse espaço seja cada vez mais um espaço democrático, onde a diversidade e a convivência harmoniosa entre os diferentes significam um exemplo de tolerância e convívio social nesse mundo tão cheio de preconceitos e discriminações. Este exemplo é um dos ensinamentos mais importantes que a capoeira oferece às sociedades contemporâneas.

Além disso, a mulher é fundamental no trabalho de organização da capoeira. Não podemos pensar numa academia ou num grupo de capoeira, em que as mulheres não ocupem um papel estratégico nessa função. Talvez isso se dê pelo fato da mulher possuir essa capacidade de organização num grau mais desenvolvido que os homens, não sabem. Só sei que sem as mulheres nessa função, a maior parte dos grupos de capoeira de hoje em dia não sobreviveriam por muito tempo.

Já temos também muitas mulheres com o título de “mestre” ou “mestra” de capoeira, como queiram. E são mulheres muito respeitadas no meio, que realizam trabalhos importantes e reconhecidas, apesar de ainda haver resistências por parte de alguns setores mais conservadores da capoeira. Mas é uma questão de tempo para que esse tipo de preconceito seja também superado.

Mas é bom lembrar que apesar do universo da capoeira ter sido predominantemente masculino, existiram muitas mulheres que deixaram seus nomes gravados na história da capoeiragem. Só para citar alguns nomes, a capoeira de outrora traz histórias impressionantes de valentia e destreza de algumas mulheres como: Maria Doze Homens, Salomé, Catu, Chicão, Angélica Endiabrada, Almerinda, Menininha, Rosa Palmeirão, Massú, entre muitas outras mulheres. Histórias que envolviam enfrentamentos com a polícia, brigam com navalha, e até mortes de valentões famosos como Pedro Porreta, que segundo algumas pesquisas indicam, foi de autoria da temida “Chicão”, conforme relatam jornais da época.

Fonte: http://www.portalcapoeira.com

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