quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

CAPOEIRA NA RUA OU CAPOEIRA DE RUA???


Com o processo de expansão da capoeira pelo mundo que estamos assistindo hoje em dia, cada vez mais os espaços públicos têm sido ocupados por essa manifestação. Vemos a capoeira atualmente em parques, praças, jardins, praias, na rua e em todos os tipos de evento ao ar livre, em quase todas as partes do planeta.
É interessante observarmos que a origem da capoeira foi justamente essa: a rua. Pelo menos a capoeira como conhecemos hoje, que é aquela forma que essa manifestação adquiriu definitivamente no final do século XIX e início do século XX, a partir das chamadas “festas de largo” ocorridas na Bahia. Foi no espaço das ruas, durante essas festas populares da cidade de Salvador, que esse modelo de roda de capoeira que conhecemos hoje se estabeleceu e se difundiu pelo resto do mundo.
Porém, com o desenvolvimento dos métodos de ensino da capoeira, essa manifestação pouco a pouco foi migrando para os espaços fechados. Foi a época em que começaram a se difundir as academias de capoeira, e começaram a ficar cada vez mais raras as chamadas “rodas de rua”, com raras exceções.
Atualmente vemos um movimento muito forte de capoeira acontecendo nesses espaços públicos que tem a “rua” como palco. Isso é muito importante, pois dá visibilidade a essa manifestação e podemos dizer que essas apresentações públicas tem sido um dos fatores determinantes para que a capoeira vá ganhando mais adeptos a cada dia.
Contudo, vale fazer aqui uma diferenciação daquilo que compreendemos com os termos “capoeira na rua” e “capoeira de rua”. A maioria dessas apresentações de capoeira que assistimos nesses espaços públicos, podemos definir como “capoeira na rua”, pois se tratam de grupos organizados que tem suas sedes, realizam treinos e rodas nesses espaços fechados e vez por outra, por ocasião de algum evento ou data especial, saem às ruas para fazer uma roda ou uma exibição.
O outro caso, menos comum, é a “capoeira de rua” que se caracteriza por grupos que se encontram exclusivamente nesses espaços para a prática da sua capoeiragem, não possuindo uma sede fixa, ou um espaço fechado onde se realizam treinos e rodas. Poucos grupos têm essa característica, mas é muito importante a permanência dessa forma de manifestação da capoeiragem, pois remete às tradições mais antigas dessa arte-luta.
Uma dessas rodas de rua - a mais conhecida da cidade de Salvador - é a do mestre Lua Rasta,  que acontece às noites de sexta-feira no Terreiro de Jesus, no centro histórico de Salvador. Se você pensa em visitar o Brasil e participar dessa roda de rua, o Expedia Salvador oferece hotéis a preços acessíveis. Uma roda muito interessante, precedida pelo cortejo do “Bando Anunciador” de mestre Lua que percorre as ruas do Pelourinho anunciando que a roda vai se iniciar. Todo tipo de capoeirista frequenta passa por ali, muitos mestres também. Mestre Lua aproveita e sempre dá algum recado recheado de ironia e crítica social. Às vezes rola até um ensaio de Mouringue – luta muito parecida com a capoeira, original das Ilhas Reunion, ex-colônia francesa localizada na África. Quem não conhece essa roda, vale a pena conhecer!

http://www.portalcapoeira.com/

A MULHER NA CAPOEIRA...


Em todas as pesquisas feitas em torno da mulher na capoeira chegamos a mesma conclusão e ouvimos sempre as mesmas historias...de que a mulher foi um tanto discriminada, foi mal vista, mal tratada. Ou tratada com indiferença.

Já por ser uma luta que veio da escravidão dos negros, já é algo que traz a ideia do preconceito incutido em sua bagagem, Mulher fazendo capoeira então nem se fala.
Mas o Brasil, um pais de miscigenações e culturas diferenciadas, onde nasceu a capoeira, abre espaço lentamente para a entrada da mulher nos esportes antes tidos como masculinos.
O futebol hoje por exemplo conta com a presença constante de mulheres. E assim acreditamos que vá acontecer também com a capoeira.
Encontrasse documentos sobre os Mestres mais antigos, pois basta comentar de um deles... E todo mundo já ouviu falar. Mas onde estão os documentos que falam de Maria Homem, Calça Rala... Ou Satanás?
E o que se dá por entender que os apelidos dessas mulheres? Que para jogar capoeira ela necessitava se masculinizar... Para poder ser aceita na roda de malandros. O que gerava também mais um preconceito em cima do que já custava ser uma capoeira... Agora somente bastava ser mulher!
Na historia da capoeira contasse que Bimba foi um dos grandes Mestres que com sua capoeira trouxe mulheres para dentro da convivência masculina das rodas... E entre elas a famosa “Maria 12 Homens, Calça Rala, Satanás, Nega Didi e Maria Para o Bonde”. Bons de briga!

Personagens lendários como Rosa Palmeirão, a capoeirista que serviu de inspiração para a personagem de Jorge Amado no romance Mar Morto. Além dela, que era respeitada e temida, outra mulher arretada sacudiu o mercado, chamava-se Maria 12 Homens, também capoeirista e assídua frequentadora das rodas do Cais Dourado e da rampa do Mercado Modelo. O sobrenome de Maria, a história de memória curta de Salvador não registrou, mas o apelido, diz a lenda que ela conseguiu depois de levar 12 marmanjos a nocaute. 
Hoje temos muitas mulheres famosas na Capoeira o que vem a fortalecer essa modalidade esportiva. Colocando em conto beneficio de aumentar a disciplina no cotidiano, modelar o corpo, obter mais agilidade e auxiliar no tratamento psicológico feminino, como um resgate de seu lado brincalhão que atualmente esta recôndito, agregado com a necessidade de impor seu lugar na sociedade machista.

Respeitadas por muitos Mestres sejam eles Argoleiros ou seguidores da capoeira Regional, as mulheres são dedicadas a capoeira em si, preferindo esse ou “aquele” estilo de jogo. Sendo ele capoeira é o que vale, elas querem é entrar na roda e jogar.
Enfim a mulher veio colocar sua graça e delicadeza em um universo que antes somente pertencia aos homens como muitos outros a aonde elas vem se estabilizando e mostrando a que vieram, não para tomar conta, ou dominar, mas com a ideia de acrescentar, somar e deixar com certeza esses “mundos” mais belos!!!!
Nas rodas de capoeira onde entram mulheres os rapazes sempre agradecem a presença delas por deixarem a roda mais bonita. E são elas cantadas em musicas pelo mundo inteiro, onde se contam às lendas que as mulheres eram disputadas em uma luta pelos jogadores. As canções trazem a mulher sempre com a saudade, a bela que abandonou a capoeira, ou a mulher que acompanha o jogador em sua vida. E assim até hoje, pois afinal quem lava as abadas? Mas essas Marias, cantadas em versos de Bimba ou Pastinha, são as Marias de hoje, guerreiras, lutadoras incansáveis que provavelmente depois da roda vão embalar seus filhos, fazer a comida, lavar as abadas, cantar uma cantiga de capoeira para por o pequenino para dormir.

Sejam elas brancas, negras, ou amarelas estão aqui e vieram para ficar, como consequência aumentar a batalha para retirar da capoeira a imagem de marginalização que ficou do tempo dos escravos, ajudar a criarem um mundo diferente para seus filhos e filhas que queiram iniciar na capoeira, aprendendo a respeitar o próximo como igual.
Hoje em dia, é quase impossível assistir a uma roda de capoeira, em qualquer canto do mundo, onde não haja a presença feminina. As mulheres, com todo o direito, estão conquistando cada dia, mais e mais espaço nesse universo que durante muito tempo foi predominantemente um espaço masculino.

A importância da mulher na capoeira vai muito além da graça e beleza que elas proporcionam a essa manifestação. A mulher sendo respeitada e valorizada numa roda de capoeira garante que esse espaço seja cada vez mais um espaço democrático, onde a diversidade e a convivência harmoniosa entre os diferentes significam um exemplo de tolerância e convívio social nesse mundo tão cheio de preconceitos e discriminações. Este exemplo é um dos ensinamentos mais importantes que a capoeira oferece às sociedades contemporâneas.

Além disso, a mulher é fundamental no trabalho de organização da capoeira. Não podemos pensar numa academia ou num grupo de capoeira, em que as mulheres não ocupem um papel estratégico nessa função. Talvez isso se dê pelo fato da mulher possuir essa capacidade de organização num grau mais desenvolvido que os homens, não sabem. Só sei que sem as mulheres nessa função, a maior parte dos grupos de capoeira de hoje em dia não sobreviveriam por muito tempo.

Já temos também muitas mulheres com o título de “mestre” ou “mestra” de capoeira, como queiram. E são mulheres muito respeitadas no meio, que realizam trabalhos importantes e reconhecidas, apesar de ainda haver resistências por parte de alguns setores mais conservadores da capoeira. Mas é uma questão de tempo para que esse tipo de preconceito seja também superado.

Mas é bom lembrar que apesar do universo da capoeira ter sido predominantemente masculino, existiram muitas mulheres que deixaram seus nomes gravados na história da capoeiragem. Só para citar alguns nomes, a capoeira de outrora traz histórias impressionantes de valentia e destreza de algumas mulheres como: Maria Doze Homens, Salomé, Catu, Chicão, Angélica Endiabrada, Almerinda, Menininha, Rosa Palmeirão, Massú, entre muitas outras mulheres. Histórias que envolviam enfrentamentos com a polícia, brigam com navalha, e até mortes de valentões famosos como Pedro Porreta, que segundo algumas pesquisas indicam, foi de autoria da temida “Chicão”, conforme relatam jornais da época.

Fonte: http://www.portalcapoeira.com

Capoeiristas históricos...


Besouro Mangangá: capoeirista baiano do século XIX, imortalizado nas músicas da capoeira.
Manduca da Praia: temido capoeirista no Rio de Janeiro do século XIX.

Madame Satã: polêmico capoeirista do Rio de Janeiro
da primeira metade do século XIX, sua vida foi retratada em filme
Madame satã virou filme e mito.
Mestre Waldemar: foi alvo de vários estudos acadêmicos durante os anos 1950, inventor das ladainhas.
Mestre Pastinha: (Vicente Ferreira Pastinha) fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, Certidão de nascimento de Mestre Pastinha
Mestre João Pequeno: aluno de Pastinha é o mais velho e importante mestre da Capoeira Angola em atividade.

Mestre João Grande: Aluno de mestre Pastinha, Um dos mais importantes Mestres de Angola vivo e comanda hoje sua importante academia na cidade de Nova York.
Mestre Bimba: (Manuel dos Reis Machado) criador da capoeira regional.
Mestre Ezequiel: aluno de Bimba divulgou a capoeira pelo mundo e foi um de seus maiores cantadores e compositores.
Mestre Capixaba: Fundador da A.C.A.P.O.E.I.R.A.. Considerado por Mestre João Grande uns dos maiores mestres vivos. Difundiu e difunde a capoeira nos 5 continentes.
Mestre Peixinho: Mestre do Rio de Janeiro, Marcelo Azevedo Guimarães é um dos grandes mestres da capoeira contemporânea, fundador do Centro Cultural Senzala de Capoeira com sede no Leme, é também um dos fundadores do Grupo Senzala, Mestre peixinho também é muito lembrado por seus jogos de capoeira demonstrando sempre muita destreza e técnica tendo em um de seus jogos mais memoráveis aplicados o movimento de “desaparecer no ar”.
 Mestre Mão Branca: Mestre mineiro que propaga a capoeira para mais de 22 países por meio de seu grupo Capoeira Gerais.
Mestre Camisa: divulgador da capoeira no exterior, principalmente na Alemanha e na França.
Camafeu de Oxóssi: foi um mestre de capoeira e figura de destaque no Candomblé baiano.


Mestre Celso Carvalho Nascimento: sendo lhe atribuído um estilo único é o mais antigo capoeirista do Rio de Janeiro em atividade.
Mestre Burguês: fundador da Federação Paranaense de Capoeira em 1985 teve 19 CDs de capoeira editados.
Mestre Suassuna: Fundador do CDO e um dos pioneiros da Capoeira em São Paulo. Gravou um dos primeiros discos de capoeira.
Mestre Suíno: Fundador do Grupo Candeias, E o principal contribuinte da Capoeira em Goiás. Autor de cinco livros da historia da Capoeira.
Mestre Tiziu: Fundador da Associação Capoeira Anjos Cordel Vermelha Itália, divulgador da capoeira na Europa, Fundador e atual Presidente da Federação Italiana Capoeira F.I.CAP.
Mestre Sombra: Roberto Teles de Oliveira, sergipano, há mais de 30 anos radicado em Santos, pioneiro da capoeira na Baixada Santista. Fundador da Associação de Capoeira Senzala de Santos possui vários alunos formados – entre eles, o mestre Valtinho, o mestre Sombrinha, o mestre Paulo, o mestre Parado e o mestre Bahia -, todos atuantes, ora em sua própria associação, ora à frente de associações filiadas, tanto no Brasil (em quase toda a Baixada Santista, também em Apucarana – PR, Goiânia – GO e Tijucas – SC), quanto no exterior (França e Inglaterra).
Grã Mestre Índio: Pioneiro e Referência da capoeira do Estado do Rio Grande do Norte.


ENTRE OUTROS...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A CRIANÇA NA CAPOEIRA...

A Capoeira e a criança



A pratica da Capoeira é excelente e de máxima importância para o desenvolvimento físico e psicossocial das crianças.

Antes de entrarmos no tema propriamente dito, gostaríamos de fazer um alerta: é recomendável que a criança comece na Capoeira a partir dos 3 anos, pois a sua prática pressupõe o domínio dos movimentos básicos do corpo. Como elas começam a andar por volta de um a um ano e meio, daí até os 3 anos, elas aprendem a noção de espaço, de equilíbrio e a ter controle dos movimentos básicos do corpo: das pernas, dos braços, do quadril, da cabeça.

Na formação do corpo, a Capoeira promove a saúde, a agilidade de raciocínio-reflexo e a consciência corporal das crianças. Elas aprendem a fazer diferentes tipos de movimentos com os braços, as pernas, a cabeça e com o corpo em geral, o que melhora e desenvolve o seu senso de equilíbrio, a sua respiração e o seu condicionamento cardiovascular, além de estimular o seu crescimento saudável, através de um bom desenvolvimento ósseo-muscular.

No aspecto psicossocial, a Capoeira ensina às crianças valores fundamentais para a formação do seu caráter, para o desenvolvimento do seu equilíbrio emocional e para o convívio em sociedade: respeito ao próximo, tolerância, solidariedade, companheirismo, espírito de grupo, disciplina, autocontrole emocional, autoestima e diminuição e eliminação da ansiedade e da agressividade.

A LENDA DO BERIMBAU...


Uma menina saiu a passeio. Ao atravessar um córrego abaixou-se e tomou a água no côncavo das mãos. No momento em que, sofregamente, saciava a sede, um homem deu-lhe uma forte pancada na nuca. Ao morrer, transformou-se imediatamente num arco musical: seu corpo se converteu no madeiro, seus membros na corda, sua cabeça na caixa de ressonância e seu espírito na música dolente e sentimental.


http://feedproxy.google.com/~r/PortalCapoeira/~3/2tGRQGhjiko/o-berimbau

Malandro era Manduca da Praia!!!!


Foi muito antes da abolição que os capoeiristas individualmente ou em maltas, perturbaram e aterrorizaram a sociedade carioca.

As maltas eram usadas indiscriminadamente em rixas de políticos de diferentes facções. Um capoeirista famoso conhecido por toda população do Rio de Janeiro foi o Manduca da Praia, homem de negócios, respondeu a 27 processos por ferimentos graves e leves, sendo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e de amigos.

Era pardo claro, alto, reforçado, usava barba grisalha. Sua figura inspirava temores para uns e confiança para outros. Vestia-se com decência, chapéu na cabeça, usava um relógio que era preso por uma corrente de ouro, casaco grosso e comprido que impressionava as pessoas com seu porte, usava como arma uma bengala de cana-da-índia e a ele deviam respeito.

Certa vez na festa da Penha brigou com um grupo de romeiros armados de pau, ao final da briga deixou alguns inutilizados e outros estendidos no chão, entre outras brigas e confusões. Ganhava bastante dinheiro, seu trabalho era uma banca de peixe que tinha no mercado, vivia com regalias e finais de semana saia para as noitadas.

Morador da Cidade Nova, era capoeira por conta e risco assim disse Nulo Moraes. Manduca não participava da capoeiragem local, não recebia influência nem visitava outras rodas, pode-se dizer que ele era um malandro nato. Manduca da Praia conquistou o título de valentão, subestimando touros bravos, que sobre os quais saltava quando era atacado.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Capoeira e um pouco da sua origem...


Capoeira é uma arte marcial, desenvolvida no Brasil, por escravos oriundos da África, inicialmente como técnica de defesa.

Tal expressão se caracteriza por movimentos ágeis com tamanha complexidade que o inimigo nem percebe que vai ser atacado, para realizar os movimentos são utilizadas as mãos, joelhos, cabeça, cotovelos, além de ser evoluído movimento ginástico- acrobático algo que diferencia bastante a capoeira das outras artes marciais é o acompanhamento por música e grandes rodas para acompanharem o combate.

No início a prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física.
Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

Grupo de capoeira Senzala anos 70.


MESTRE NESTOR CAPOEIRA...


domingo, 27 de janeiro de 2013

“Capoeira é "Mardade"


(Mestre Bimba, 1900- 1974)
Meu camarada,
            
o capoeira é muito mais
            que um lutador que dá pernada.
            Ele é um artista,
            sua força é a alegria de viver.
            Ele conhece a palavra-chave "Amor"
            e no entanto o capoeirista sabe:
            a maldade existe.
            Será que tu ainda não ouviu
            o que se anda cantando nas rodas por ai:

            Galo já cantou, já raiou o dia.”
                                                                              (M. Nestor Capoeira).

Apresentação do Maculelê no 3º Batismo e troca de cordas 2012!!!


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Escravidão no Brasil...


Capoeira Regional ou São Bento Grande de Angola?






 Denominada primeiro como “luta regional baiana”, o estilo de capoeira criado pelo Mestre Bimba é o mais praticado e difundido entre as academias de capoeira. Será?

 Vamos então dar uma volta no passado.

 Na Bahia, muito antes da Regional, existia já uma variação de toques vindos da capoeira Angola e um deles era o toque de São Bento Grande de Angola. Onde os Angoleiros jogavam um jogo mais em pé, com alguns movimentos mais altos misturados com floreios, onde os termos “jogo de dentro” ou “jogo de fora’ determinavam se era mais combativo ou mais floreado.
 Com o tempo surgiu Mestre Bimba. Exímio angoleiro, tinha o desejo de colocar a nossa Capoeira à altura de outras artes marciais que estavam chegando de fora como o Karate, Kung-fu, Jiu jitsu e o Judò. E para isso Mestre Bimba incluiu golpes de algumas artes marciais reinventando praticamente a Capoeira. Também reformulou a bateria de instrumentos que contava com apenas um berimbau e dois pandeiros. As palmas todo mundo sabe que a palma de Bimba é um, dois, três. O atabaque foi retirado porque dizia que as pessoas associavam o instrumento com o candomblé. E enfrentar tal preconceito numa época em que a capoeira ainda era proibida e considerada coisa de negro ou de vagabundo não seria uma boa idéia. Além disso, Bimba também inventou sete novos toques de berimbau, onde São Bento Grande da Regional seria o principal. Os outros eram toques para ocasiões especiais ou para mudar o ritmo do jogo.
 Agora, se dermos uma volta pelas academias afora e perguntarmos qual estilo de capoeira é ensinado, a maioria esmagadora responderia Regional e umas muito raras, Angola. Portanto Angola e Regional seriam os dois estilos de Capoeira praticados. O que nos leva a concluir que se você não é angoleiro, você é regional e vice-versa.
 Baseado nos fundamentos da capoeira, que diz que cada toque do berimbau corresponde a um tipo de jogo, vejamos então as academias de capoeira que dizem ensinar o estilo Regional.
 Começamos pela bateria de instrumentos: três berimbaus, um ou dois pandeiros, um atabaque, um agogô e um reco-reco. Formação típica de capoeira Angola. O toque mais executado nessas academias é aquele que até quem não pratica sabe pelo menos imitar o som com a boca. É aquele ti-ti-dim-dom-dom. E aquele toque se trata nada mais nada menos do que o toque de São Bento Grande de Angola. Durante a roda soltam saltos mortais, aus sem as mãos, macaquinhos, e muitos outros movimentos acrobáticos, revezando esses movimentos com golpes de ataque e defesa, o que caracteriza o jogo de São Bento Grande de Angola.
Interessante? Então veja mais.
 Existem algumas poucas academias que tocam o toque de São Bento Grande da Regional, criado por Mestre Bimba, mas o fato é que quando estão na roda, jogam o mesmo jogo de São Bento Grande de Angola.

São Bento Grande da Regional

 Durante esse toque, não existem floreios, acrobacias, ou quaisquer movimentos que não sejam de ataque e defesa, salvo a ginga e o aú. Isso mesmo. Para se jogar capoeira Regional sob o toque de São Bento Grande da Regional, não se pode dar mortal, gato, macaquinho e nenhum outro movimento que descaracterize o seu aspecto de luta. A capoeira Regional é uma luta, muito combativa, com movimentos eficientes de ataque e defesa. Comprovada pelo próprio mestre, quando se pôs a enfrentar vários campeões de outras artes marciais derrotando todos eles.

 Finalmente podemos concluir que:
 A maioria das academias de Capoeira dizem jogar Regional, mas estão jogando São Bento Grande de Angola e isso é um fato que não pode passar despercebido.
Não estou querendo criticar nenhuma academia, mestre ou professor, mas  vale a pena lembrar que esses profissionais devem olhar mais para os fundamentos da Capoeira e repassar isso para os seus alunos, para que esses valores não sejam perdidos com o passar do tempo. Também não gosto dessa duplicidade de Angola ou Regional. Capoeira é capoeira, e o que determina o que se vai jogar é o berimbau. Então dancemos conforme a música.

Axé a todos.  

ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CAPOEIRA...



OS TOQUES DE BERIMBAU

AS SEQUENCIAS DIDATICAS DO MESTRE BIMBA

A CINTURA DESPRESADA

A LEITURA DAS ORIGENS

AS CHAMADAS DE ANGOLA

OS RITUAIS

OS PRECEITOS

A ORQUESTRA

DIFERENCIAR OS ESTILOS ANGOLA/REGIONAL

OS CANTICOS

A EVOLUÇÃO

JURAMENTO DO ESTAGIÁRIO DO GRUPO DE CAPOEIRA TERRA DO SOL...



Juro!  Perante deus, meus companheiros e meu mestre
Em nome dos nossos patronos da capoeira mestre bimba e mestre pastinha.
Honrar com sabedoria, disciplina, amor e respeito ao próximo, esta corda que usarei com orgulho e dignidade a hierarquia da capoeira.
Ciente das minhas responsabilidades e na presença de todos.
Eu juro.

(grã mestre ÍNDIO)