Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho de espanhola Jose Senor
Pastinha e de Dona Maria Eugenia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de
um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele
teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que
vivia de vender acarajé e de lavar roupas.
Com oito anos de idade Pastinha conheceu a arte da capoeira. Quem o
iniciou foi um negro africano a quem chamava de tio Benedito que ao ver
Pastinha um menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho resolveu
ensinar-lhe a arte da capoeira. Passava tardes inteiras treinando num velho
sobrado da rua do Tijolo em Salvador .Ali aprendeu além de tudo a jogar com a
vida e a ser um vencedor.
Viveu uma infância feliz, porém, modesta. Durante as manhãs frequentava
aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde,
empinava arraia e jogava capoeira. Com 13 anos era o mais respeitado e temido
do bairro. Mais tarde, foi matriculado por seu pai na Escola de Aprendizes de
Marinheiro que não concordava muito com a prática da capoeira, pois achava que
era muita vadiagem. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos amigos que
conquistou a arte da capoeira.
Quando completou 21 anos voltou para Salvador, decidido a se dedicar à
pintura. Nos horários de folga praticava capoeira às escondidas, pois no início
do século esta luta era crime previsto por Lei. No ano de 1941, fundou o Centro
Esportivo de Capoeira angola, situado no casarão 19 do Largo do Pelourinho esta
foi sua primeira Escola de Capoeira. Seus alunos usavam como uniformes calças
pretas e camisas amarelas, cores do time pelo qual torcia na Bahia, o YPIRANGA
FUTEBOL CLUBE.
Pastinha trabalhou bastante em prol da Capoeira, representando o Brasil
e a Arte Negra em vários países. Com 84 anos de idade, doente, e fisicamente
debilitado, foi morar no Pelourinho em um pequeno quarto, com sua segunda
esposa, Dona Maria Romélia, deixando a antiga sede da Academia, devido aos
problemas financeiros, o único meio de sobrevivência provinha dos acarajés que
sua esposa vendia. Em Abril de 1981, participou da última
roda de Capoeira de sua vida.
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